Pesquisa personalizada

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Amor sem barraco não é amor

“Acabamos numa boa”, me diz a amiga W., uma das tantas moças de fino trato que me elegeram confidente. Tudo bem, sou todo ouvidos, escuto imperturbável e sereno como uma caricatura do doutor Sigmund Freud baforando o seu charuto.

Ela prossegue: “Sem drama mesmo, sabe?”.

Sim, sei, conta outra para ver se acredito.

“Nunca achei que fosse possível terminar de uma forma tão tranqüila e sem mágoas”, continua W. sem parar de falar, compulsiva, com sua narrativa sob suspeita.

Ah, conta outra, amiga, desconfio no meu inoxidável silêncio de ouvidor-geral dos corações aflitos.

A mulher com W maiúsculo, como naquela canção do Mundo Livre S/A, narra ainda: “Acabar assim é ótimo, agora temos toda a tranqüilidade para cuidar das coisas práticas sem aquela loucura no juízo”.

Na minha silenciosa caixola de confidente, agora toca baixinho outro refrão: “Que mentira, que lorota boa”. Essa é do Luiz Gonzaga, um clássico – não sei pensar sem fundo musical, mania antiga, caro(a) leitor(a).

Ela fala mais que o homem da cobra, um Pentecostes de conversa, sempre com a mesma tese: acabamos numa boa, numa “nice”. Conta outra, minha querida, pensa que eu nasci ontem e de sete meses?

Ah, toda vida que alguém me conta que pingou o ponto final em um relacionamento sem as dores de sempre, ligo o botão de todas as dúvidas e suspeitas.

O amor, se é amor, não se acaba de forma civilizada.

Nem no Crato, Brumadinho, Mimoso ou Estocolmo, na Suécia.

Se ama de verdade, nem o mais frio dos esquimós consegue escrever o “the end” com o dedinho no gelo sem uma quebradeira monstruosa.
Fim de amor sem baixarias é o atestado, com reconhecimento de firma e carimbo do cartório, de que o amor ali não mais estava.

O mais frio, o mais cool dos ingleses estrebucha e fura o disco dos Smiths, I Am Human, sim, demasiadamente humano esse barraco sem fim. O mais relaxado dos latinos se acaba no bolero de Bienvenido Granda, com suas angústias e perfumes de gardênias. O mais zen dos brasileiros acaba com os mananciais da água que passarinho não bebe. E tome Roberto, Waldick ou Chico Buarque, no caso dos mais finos.

O que não pode é sair por ai assobiando, camisa aberta, relax, chutando as tampinhas da indiferença para dentro dos bueiros das calçadas e do tempo.

O fim do amor exige uma viuvez, um luto, não pode simplesmente pular o muro do reino da Carençolândia para exilar-se, com mala e cuia, com a primeira costela ou com o primeiro traste que aparece pela frente.

Acabar numa boa é como nada tivesse havido. Conta outra que só acredito no amor dos corações em permanente barraco.

& MODINHAS DE FÊMEA
Elas se embelezaram e se enfeitaram para esperar seus maridos! Que coisa linda. Mirem-se no exemplo das mulheres dos mineiros chilenos. Sim, também rolou aquele caso da amante que esperava um deles na beira do poço profundo.

Acontece. A legítima esposa soube da pulada de cerca e resistiu a fazer as honras na saída do seu homem do buraco. Em um período de 69 dias acontece de tudo. Viver, muitas vezes, é ficar preso dentro de uma mina do destino.

Link: http://tinyurl.com/246mayc

Read more...

Notícias do Piauí, Teresina, Parnaíba, Floriano, Picos, Campo Maior, Barras, Piripiri...

Daniel Martins's MySpace Blog

O Jornalismo em primeira mão!

About This Blog

  © Blogger template Writer's Blog by Ourblogtemplates.com 2008

Back to TOP