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CASO DONIZETTE: Julgamento de Djalma

É o último acusado do crime e agora vai a júri popular em Teresina

O juiz Antônio de Jesus Noleto, presidente da 1ª Vara do Tribunal Popular do Júri de Teresina, deverá marcar para a próxima reunião do júri, a ser realizada no início do mês de março, o julgamento mais esperado dos últimos dez anos no Piauí: do ex-vereador e advogado Djalma Filho, acusado de envolvimento no assassinato do apresentador de TV Donizette Adalto.

O apresentador foi morto à tiros na madrugada do dia 18 de setembro do ano de 1998, na Avenida Marechal Castelo Branco, nas proximidades da ponte do bairro Primavera, na zona norte de Teresina. Ele era candidato a deputado federal e formava dobradinha com Djalma Filho, que era candidato a deputado estadual.

Retornavam de um comício. Estavam os dois em um mesmo carro. Foram abordados e Donizette assassinado sem chances de defesa.

A Polícia Federal ajudou a Polícia Civil nas investigações. Djalma chegou a participar do velório de Donizette Adalto, que ocorreu no ginásio de esportes o Verdão, zona norte de Teresina.

Pouco tempo depois o crime começou a ser desvendado: Pezão, Ricardo, Sérgio Silva e Djalma Filho acabaram sendo indiciados criminalmente e presos como envolvidos.

Os três primeiros foram condenados a penas superiores a 20 anos de reclusão, cada um (todos estão presos). Djalma entrou com recursos e é o único dos acusados que ainda não foi julgado. Aguarda julgamento em liberdade. O Tribunal de Justiça já determinou que ele irá à júri popular. Não cabe mais recursos, Djalma terá que sentar no banco dos réus.

Para justificar o indiciamento de Djalma Filho (que na época do crime era vereador em Teresina e disputava uma cadeira na Assembléia Legislativa do Piauí), foi alegado que ‘surgiria um fato novo na campanha’ e seu desempenho político melhoraria. Assim seria eleito deputado.

No entanto, Djalma Filho sempre se diz injustiçado e que o verdadeiro mandante do assassinato de Donizette é poderoso e só ele (o poderoso que Djalma só deverá revelar o nome durante o julgamento) teria interesse na morte do apresentador de TV.

Polêmico, Donizette Adalto era considerado um homem de muitos inimigos; falava mal de muita gente; descobria os ‘podres’ de poderosos; ameaçava ‘rasgar’ dossiês sobre a vida de pessoas importantes no Piauí. Para Djalma, muitos queriam, e verdadeiramente, ‘se deram bem’ com sua morte.

MEMÓRIAS DO CASO DONIZETTE

1 – O revólver, calibre 38, que matou Donizette Adalto dos Santos, foi disparado pelo então policial civil João Evangelista de Menezes, o ‘Pezão’.

2- Dona Almezina Santos foi proibida de contar, na TV Meio Norte, a vida sofrida que o filho Donizette Adalto tivera na infância. Ela chegou a gravar matéria especial com a jornalista Marly Fernandes, mas oficiais de Justiça, com ordem judicial, foram a TV e proibira a publicação do programa especial bem na hora em que iriam exibir a reportagem da mãe de Donizette.

3- O crime ocorreu na área do 2º DP, na noite do plantão do então delegado Pedro Silva.

4- Sérgio Silva, um dos acusados, é filho do então delegado Pedro Silva. Era Pedro Silva quem iria fazer os primeiros levantamentos do crime.

5- O secretário de Segurança Pública do Piauí era Juarez Tapety, tio de Djalma Filho.

6- Donizette Adalto sofreu 7 tiros, coronhadas, chutes e socos.

7- Quando Djalma foi preso, o Governo do Estado mandou reformar uma das salas do Corpo de Bombeiros, com pintura nova, móveis, ar-condicionado e computador, para receber o então vereador.

8- Donizette eternizou a frase: 'Morro e não vejo tudo!'.

9- Os presos e condenados pela morte de Donizette Adalto já pediram regressão de penas e não demoram mais a mudarem de regime de prisão.

10- O corpo de Donizette Adalto foi sepultado no Cemitério Jardim da Ressurreição, zona sudeste de Teresina.

Fotos: Manoel Messias Cirilo de Oliveira